Uma iniciativa voltada para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e a valorização de práticas tradicionais e populares de cuidado, comunicação e educação popular em saúde. Esse é o objetivo do Programa de Formação de Educadoras e Educadores Populares de Saúde (AgPop-SUS), que teve seu evento de abertura durante o 16º Congresso Internacional da Rede Unida, realizado em Caxias do Sul (RS), de 31 de julho a 4 de agosto. O programa é coordenado por movimentos populares com a finalidade de criar uma rede nacional de Agentes Educadoras e Educadores Populares de Saúde.

A irmã Ivone Oliveira, da Irmandade Santa Izabel, em Vacaria (RS), integrante da coordenação do programa no estado do Rio Grande do Sul pelo Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), compartilhou sua perspectiva sobre a relevância do AgPop-SUS no fortalecimento da educação popular em saúde no estado. Em suas palavras, ela sublinhou como o programa está alinhado com as propostas da Congregação das Irmãs Franciscanas do Apostolado Paroquial (IFAP), que sempre se pautaram pela educação popular e pelo método de Paulo Freire.

“O programa G-POP SUS vem ao encontro da proposta das Irmãs Franciscanas do Apostolado Paroquial em Educação e Formação. Quando pensamos em formação e educação, sempre partimos da educação popular, baseada no método de Paulo Freire”, afirmou Irmã Ivone.

Ela destacou a alegria em aceitar o convite para coordenar o AgPop-SUS no Rio Grande do Sul, reconhecendo o impacto positivo que o programa terá em todo o estado e no país. A iniciativa, que envolve 25 turmas distribuídas por todas as regiões do Rio Grande do Sul, visa não apenas educar sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), mas também realizar uma análise profunda das condições de saúde locais, contribuindo para a melhoria dos serviços oferecidos.

Contextualização

O AgPop-SUS é um programa do Governo Federal, coordenado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Fiocruz e Fiotec. Ele tem como objetivo a formação de 800 grupos de educação popular em saúde em diferentes regiões do Brasil, dos quais 400 turmas já estão em andamento nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sul.

No Rio Grande do Sul, as turmas contam com educadores experientes no método freiriano, que estão sendo capacitados para liderar a formação em saúde nas comunidades locais. “O educador ou a educadora que vai estar à frente dessas turmas recebeu formação e continuará recebendo”, destacou Irmã Ivone, enfatizando a importância de compreender e valorizar o SUS, especialmente em um contexto pós-pandemia.

O Programa de Formação de Educadoras e Educadores Populares de Saúde, criado pela Portaria GM/MS n.° 1.133, de 16 de agosto de 2023, busca fortalecer o SUS e promover práticas de cuidado e educação popular em saúde. A iniciativa visa constituir uma rede nacional de agentes populares, incentivando a participação popular e contribuindo para a criação de territórios saudáveis e sustentáveis.

Objetivos Específicos do Programa

• Constituir uma rede nacional de Agentes Educadoras e Educadores Populares de Saúde voltada para o fortalecimento do SUS e o desenvolvimento de territórios saudáveis e sustentáveis.
• Fortalecer a participação popular em saúde no âmbito das comunidades periféricas urbanas e rurais em defesa do SUS e dos direitos sociais.
• Incentivar e valorizar as práticas tradicionais e populares de cuidado, comunicação e educação popular em saúde.
• Implementar processos formativos referenciados nas Políticas Nacionais de Educação Permanente e Educação Popular em Saúde com lideranças comunitárias e atores dos movimentos sociais populares.
• Fortalecer iniciativas comunitárias de promoção da alimentação saudável e combate à fome.
• Contribuir com a elaboração de diagnósticos socio-sanitários locais, cooperando com a implementação de territórios saudáveis e sustentáveis.

Irmã Ivone destacou dois pontos importantes dos objetivos do AgPop-SUS. Primeiro, é fundamental compreender melhor o SUS. Após essa compreensão inicial, é necessário realizar, nos territórios onde as turmas estão organizadas, uma análise detalhada da conjuntura local para entender como está a situação da saúde, quais recursos estão disponíveis, o que não está sendo oferecido e o que precisa ser melhorado. Além disso, é importante ajudar as pessoas do território a entender a importância do SUS.

“Vale lembrar que acabamos de passar por uma pandemia, durante a qual enfrentamos um governo negacionista. Apesar disso, quem salvou a população brasileira e evitou que o número de mortes fosse ainda maior foi o SUS. Foi graças à organização do Sistema Único de Saúde que conseguimos responder rapidamente, oferecer vacinas e toda a rede de apoio necessária”, pontuou a irmã.

O segundo ponto se refere ao estudo da cultura do povo brasileiro por meio de diversos textos, e a partir desses estudos, será proposto o que se deseja para a população brasileira. As turmas terão uma compreensão mais ampla sobre saúde, além de uma formação política que permitirá aos participantes atuar em seus territórios, no local onde vivem.

Irmã Ivone finalizou reiterando a importância de coordenar esse trabalho no Rio Grande do Sul, especialmente nas periferias, onde o programa pode fazer uma grande diferença. “Esse trabalho pode fazer uma grande diferença nas periferias no Rio Grande do Sul e no Brasil, onde moram o público preferido deste serviço, e nos lugares onde possamos contribuir.”

Por Franklin Machado, Assessoria de Comunicação | IFAP.