Um gesto simples, uma dor silenciosa e uma profunda declaração de amor à missão IFAP
Em meio às obras do Colégio São Judas, em Lages (SC), a fundadora da Congregação das Irmãs Franciscanas do Apostolado Paroquial, irmã Ida Meneghelli, protagonizou um dos episódios mais marcantes e silenciosos de sua entrega: um pedaço de tijolo caiu sobre sua cabeça enquanto ela passava por entre os andaimes da construção. Tonta, encostou-se na parede, tentou recompor-se e, em seguida, continuou o cotidiano como se nada tivesse acontecido.
Mas os sinais não demoraram a aparecer. Manchas roxas ao redor dos olhos alarmaram as irmãs presentes num retiro. Levada ao médico, foi orientada a buscar tratamento especializado em Porto Alegre (RS), onde, após exames, cogitou-se a necessidade de uma cirurgia. Em carta escrita do hospital, em 30 de março de 1965, irmã Ida escreveu:
“Por todas ofereço esses dias de dura expectativa, em espírito de reparação nesta Santa Quaresma em que Jesus quis que o acompanhasse mais de perto pelo sofrimento. […] Faço votos para que nos conserve no bom espírito, que vos deixei.”
Embora a cirurgia tenha sido descartada, o tratamento foi longo, exigente, e deixou marcas físicas. Mas nenhuma maior do que a marca do amor que carregava pela Congregação. Ao retornar para casa, após o susto e a provação, irmã Ida fez uma de suas mais belas declarações:
“Estou em casa. Nosso Senhor sabe que toda a separação me seria insuportável. A Congregação está inteirinha no meu coração.”
O episódio foi registrado por irmã Benigna Bevolenta, nossa co-fundadora, no livro Memórias Benignas, com o cuidado de quem guarda não apenas fatos, mas o pulsar de uma vocação vivida com inteireza.
Mesmo ferida, irmã Ida seguiu firme, recomendando às irmãs:
“Sejam fiéis àquele propósito, assim tudo irá bem mesmo: o silêncio.”
Neste relato, não há só dor — há entrega. Não há apenas saudade — há um legado de amor gratuito, vivido no cotidiano, sustentado pela fé e pela comunhão com a vida do povo.
Por ASCOM/IFAP